Um pouco da nossa História




Brasão: escudo de ouro, espiga de centeio de verde e ramo de oliveira do mesmo, frutado de negro, com os pés passados em aspa; em chefe, flor de Santa Luzia de vermelho, botoada de prata, com pedúnculo folhado de verde; em campanha, pano de muralha de negro lavrado do campo, movente da ponta. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «BENDADA».





Bendada dista 23 km. do Sabugal e inclui as anexas da Quinta do Monteiro, da Quinta da Ribeira, da Quinta do Ribeiro, da Quinta de Santo António, de Rebelhos e de Trigais. Situa-se nas faldas de um elevado monte, parte de uma cadeia de serras que abrange aquela vasta planície. O nome da freguesia revela-nos um pouco do seu passado, da antiguidade da sua estrutura habitacional e das arreigadas tradições senhoriais.




Bendado era uma palavra muito usada desde a Idade Média, que em português antigo, significava nobre nascido de família honrada. Bendada esteve incluída no concelho de Sortelha até 1855, data em que foi extinto. A freguesia de Bendada possui 1000 habitantes. As principais actividades económicas são a agricultura, a pastorícia, a carpintaria, a mecânica, a serralharia civil, a construção civil, a serração de madeiras, os lagares de azeite e o comércio.


Quanto à sua administração, Bendada esteve sempre sob o domínio de Sortelha, passando ao concelho de Sabugal pela extinção do primeiro, em 24 de Outubro de 1855. No plano eclesiástico deve assinalar-se a tardia instituição da paróquia de Santa Luzia (culto que apenas se revelou no país, pelo menos em titular de templos, no século XIII). Segundo um documento datado do ano 1700, o Bispo da Guarda, D. Bernardo António de Mello Osório, terá ordenado diversas visitas à freguesia e à sua matriz, e em 1703 foram aprovados os estatutos da Irmandade das Almas de Bendada. Dedicado a Santa Luzia, o templo paroquial, relativamente pequeno, apresenta uma mênção na porta do sacrário, toda em talha: "Eu sou a Videira, Vós os Ramos".




A tradição esclarece o seu significado do seu nome Bendada” . Os antigos viviam em castros e entre eles havia três velhas.


Em dado momento duas delas tiveram desavenças pessoais e uma delas com os nervos mais aguçados dá à outra uma tremenda bofetada.


A terceira para harmonizar aquilo que chamava justo só teve que responder:« Bem-dada». Daí o nome desta tua Bendada. Contudo houve um padre nesta aldeia que em tempos deu conhecimento que antes de ser Bendada era Lapana isto seguindo as ( cercas mais antigas contam este nome dão a origem histórica).


Orago : Sta. Lúzia


Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.
Igreja Matriz - Igreja dedicada a Santa Luzia, relativamente pequena. Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas documentos da época dão-nos conta de que a igreja já existiria antes de 1700. Sofreu obras de restauro em 1780 e em 1909.

Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.


Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".


Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.


Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.


Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.


Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.


Capela Nossa Senhora do Castelo : localizada num ponto alto (Miradouro Natural), proporciona belas vistas: Serra da Gardunha, Covilhã, Sortelha;






A Fonte Grande contém gravuras nas paredes laterais (cegonhas e outras aves), que não se sabe ao certo o que significam.



Cruzeiro de Bendada - Foi edificado sobre uma rocha granítica em 1940 e restaurado em 1948.


Os Cruzeiros representam o espírito popular da devoção religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi determinante para a sua construção, pois muitos serviram para marcar acontecimentos de pendores variados e para proteger contra influências maléficas e feitiçarias os caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias.


Por trás de cada Cruzeiro existe uma história relacionada com uma situação triste ou dramática, assim como uma profunda devoção.


Os Cruzeiros têm sempre uma relação directa com os mortos.




Cristo-Rei




Existe também o Castro da Senhora do Castelo, situado no cimo de um monte.


Estes vestígios ficam situados na Serra da Bendada.

Nas imagens podem notar-se construções circulares em pedra que serviam de habitação às famílias.


No cimo da encosta ficam as construções maiores que deveriam pertencer aos chefes do clã. É provável que estas construções tenham cerca de 2000 anos ou mais.
Capela de S. José




Ruínas da capela de S. José na Bendada (Influências Barrocas, em termos de gramática decorativa, mas com variantes significativas: cunhais e cornija de cantaria; pórtico em arco abatido encimado por frontão curvo interrompido enquadrando motivo concheado e encimado por óculo quadrilobado - 2ª metade do séc. XVIII)


Capela de S. Sebastião – Templo modesto, com um altar que ostenta a imagem de S. Sebastião;

Capela de Santo António – está situada na Quinta de Stº. António. No seu largo encontra-se um cruzeiro com o painel do santo, com data de inauguração de 1957.


Fornos Comunitários:
– Existia um em Rebelhos e outro na Quinta do Monteiro.

«Haja saúde e coza o forno», sentenciava o nosso povo, querendo afirmar a importância maior que tinha a saúde e o pão, alimento de todos os dias. Em verdade, a alimentação nas aldeias baseava-se no pão, que se embutia só ou com peguilho. Mas para que houvesse pão na mesa, tinha que funcionar o forno, onde era confeccionado.




Capela de Rebelhos

Capela da Senhora da Saúde – Situada na anexa de Rebelhos. Provavelmente do século XVIII, encontra-se a data de 1782 na sineira. Tem várias imagens de valor artístico.


Bendada (Beira Baixa)- Lisboa




À época da construção (1891), considerava-se que a linha da Beira Baixa amarrava em Abrantes na Linha do Leste.


Devido à importância económica da região, nomeadamente pelo forte desenvolvimento industrial da Covilhã e pelo relevo de Castelo Branco, esta linha foi inicialmente projectada tendo em vista uma futura ligação internacional, que seguiria por Monfortinho até à fronteira e ligaria a Plasencia e a Madrid. Porém, a construção do Ramal de Cáceres alterou essa directriz, e o traçado resumiu-se a um percurso pelo interior, centro, unindo as Beiras entre si.


O concurso para a sua construção foi aberto em 2 de Agosto de 1883, mas só em 29 de Julho de 1885 é que a Companhia Real firmou contrato com o governo, tendo dado início aos trabalhos de construção em Dezembro de 1885.


Foram duas as fases de construção desta linha: de Abrantes à Covilhã, com 165,195 quilómetros, concluída em 6 de Setembro de 1891; da Covilhã à Guarda, com 46,205 quilómetros, terminada em 11 de Maio de 1893.




Apeadeiro de Belver, Linha da Beira Baixa.
Cocheira desactivada na Estação ferroviária de Castelo Branco, Linha da Beira Baixa.Terminada a construção do troço de caminho-de-ferro entre Abrantes e a Covilhã, a respectiva autorização para a abertura à exploração foi dada por portaria de 1 de Setembro de 1891.


A inauguração desta linha contou com a presença da família real, assim como de outros ilustres convidados, que viajaram de Sintra até Castelo Branco, numa composição especial, no dia 5 de Setembro de 1891.


Nesta cidade, a população rejubilou com o acontecimento, juntando-se às cerimónias e festejos. No dia seguinte rumaram com a respectiva comitiva à Covilhã, sendo fortemente festejados pelas populações locais junto à via-férrea.


Na Covilhã, a população não podia ficar indiferente à chegada do «cavalo de ferro» àquela cidade serrana e saiu à rua para conviver e participar nos festejos ali celebrados, de que deram conta as crónicas da época.


Findas estas cerimónias, a Linha da Beira Baixa estava finalmente pronta para a abertura à exploração, o que logo ocorreu no dia 7 de Setembro de 1891.


O restante traçado entre a Covilhã e a Guarda, só foi inaugurado no dia 11 de Maio de 1893, sem pompa nem circunstância, mercê das dificuldades financeiras vividas pela Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, que quase caía na falência, obrigando à suspensão temporária dos trabalhos.


Superadas todas as dificuldades de construção, poder-se-á dizer que estamos perante um dos mais difíceis traçados de caminho-de-ferro em Portugal, como atestam as inúmeras obras de engenharia que ali foram feitas.